15/12/2024
**Da geração Free fire às guerras urbanas de armas com bolinhas de gel: “brincadeiras” com apologia a violência**
(Imagem criada a partir de fontes da Internet)
Existiu uma geração, a qual as brincadeiras de rua giravam em torno de pião, bolas de gude e petecas. Houve aquela geração que também brincou de polícia e ladrão. Dizer que as práticas do passado eram melhores do que as do presente ou vice e versa, é um anacronismo (julgar o passado com os olhos do presente) estarrecedor. O passador está nele mesmo posto, ou seja, ele está fixado como evento, apesar de poder ser ressignificado, não pode ser considerado melhor ou pior que o presente, é mero saudosismo.
O fato é que, no percurso histórico da humanidade, percebemos que os seres humanos, nesse caso, os jovens, crianças e adultos buscavam diversão ou recreação. Existem fontes que demonstram experiências e tradições dos homens pré-históricos (ágrafos ou sem escrita) passando seus conhecimentos em jogos coletivos, seja por caça conseguida, por questões religiosas ou mesmo por obstáculos ultrapassados.
Do momento entre o tempo antigo e o moderno as recreações eram diversas e faziam parte, principalmente da infância, mesmo com a Revolução Industrial, era possível perceber o trabalho infantil “legalizado”. (Machado, 2020). Ainda existe trabalho forçado de crianças, o que se deve combater, mas atualmente a diversão infantil é direito fundamental. Com a Revolução Tecnológica, a recreação ficou um tanto diferente, com jogos de guerra e de armas em fliperamas, Nintendo com joguinhos diversos de combates armados e os vários modelos de Playstation.
Desses vários tipos de jogos, têm-se os inspirados na Segunda Guerra Mundial como: Wolfenstein 3D (1992 – PC); Commandos 2: Men of Courage (2001 – PC, PS2 e Xbox); Medal of Honor: Allied Assault (2002 – PC); Call of Duty 2 (2005 – PC e Xbox 360); Silent Hunter III (2005 – PC); Day of Defeat: Source (2005 – PC); Company of Heroes (2006 – PC); Red Orchestra 2: Heroes of Stalingrad (2011 – PC); Sniper Elite 4 (2017 – PC, PS4 e Xbox One); Battlefield 1942 (2002 – PC). (Start UOL, 2018). E o Garena Free Fire (Primeira Versão em 2017), que é um jogo em paisagens diversificadas, como em ruas de cidades.
Dentre esses, destaco o último: “Garena Free Fire (Primeira Versão em 2017)”; neste jogo eletrônico, os personagens virtuais andam por ruas e diversos locais, encontrando rivais e matando por meio da bala. Esse game se tornou de forma instantânea uma febre mundial; no Brasil em entre a população, o que mais se via eram jovens, adultos e crianças, principalmente, em celulares, focados gritando: “Peguei ele e matei!”, “Olha ele lá!”, “Atira e mata!”, “Vai e atira!” Bem, era a cultura da violência por meio de telas, tornando-se febre e “viralizando” por meio deste jogo online.
Agora a “vibe” é outra, é a “febre das armas com bolinhas de gel”. Aquilo que antes estava online, no virtual, foi para as ruas das cidades brasileiras, a guerra armada entre jovens, adultos e crianças. O problema virtual se transformou em real. A cultura da violência online foi para as ruas tirando visões, ferindo olhos, corpos, bens materiais e imateriais e até ceifando vidas. A “brincadeira” de guerra com armas de bolinhas em gel ficou tão séria que, localidades estão criando leis próprias para inibir esta prática, como a exemplo da cidade de Paulista em Pernambuco. Na Paraíba, o governo vai acionar o exército para combater a utilização das armas em gel. A brincadeira passou dos limites, ficou séria demais, pois está incitando crimes sérios, sendo motivo para o crime operar.
Diante disso, está na hora de repensarmos o que utilizamos de maneira coletiva no mundo virtual, pois tal uso desregulado pode se tornar um problema ao convívio social. Com isso, pode ser um exemplo patente, diante do qual se deve ter regulamento mais sério para o acesso em massa e irrestrito dessas plataformas de jogos online de cultura violenta. Haja vista, que isso pode influenciar em atitudes reais. Ou seria mais aconselhável, nós enquanto sociedade, clamarmos e buscarmos viver uma cultura de paz mútua. Sobre as guerras urbanas com armas em gel, precisamos esperar as “cenas dos próximos capítulos dessa novela nacional”.
Fontes:
10 jogos inesquecíveis inspirados pela Segunda Guerra Mundial. UOL, 2018. Disponível em: https://www.uol.com.br/start/listas/10-jogos-inesqueciveis-inspirados-pela-segunda-guerra-mundial.htm.
MACHADO, Carolina dos Santos. O brincar na era antiga e moderna. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 03, pp. 05-11. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/antiga-e-moderna, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/antiga-e-moderna