17/03/2022
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Sapo i Notícias
Paralisação de aulas no Ensino Superior é um crime contra o Estado
As aulas do Ensino Superior estão paralisadas desde o dia 3 de Janeiro de 2022, na sequência da greve convocada pelo Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES).
A paralisação brange as aulas à distância, os trabalhos de fim de curso e outros serviços académicos, razão pela qual centenas de estudantes não conseguem defender os seus trabalhos de fim de curso em várias unidades orgânicas superiores, situação que condiciona programas pessoais, bem como a habilitação de participar em outros de cariz público, como concursos públicos, privados e outros.
O estranho que se verifica é a falta de debate público e preocupação de sectores essenciais, como Deputados e outras associações, para além da própria imprensa pública que optou por um silêncio cúmplice e vergonhoso face à paralisação que compromete o progresso e desenvolvimento sustentável do país, na medida em que não há Estado sem formação especializada, dado que só ela é capaz de solucionar os problemas mais complexos da nossa existência como sociedade
Talvez, o silêncio dos Deputados e outros círculos sociais razoavelmente endinheirados encontre fundamento no facto de que os seus filhos e outros parentes próximos estejam a estudar fora de Angola, pelo que todo bla bla sobre o assunto não passe de uma nojenta chantagem com fim eleitoralista, porque, afinal, neste particular os da Situação e os que querem ser da Situação parecem irmãos-gêmeos.
Com o Ministério do Ensino Superior incapaz de dar passos e explicar com transparência o rumo das negociações, com o Titular do Poder Executivo a desfilar pelo mundo e, agora, depois de Cabo Verde, já nos EUA, com o SINEPES intransigente, chegamos a um ponto em que não se pode falar de outra coisa que não seja um crime cruel contra o Estado.
O Governo, o SINEPES, Deputados, Imprensa e todos os sectores com o poder de gerar um barulho saudável para travar este mal cometem um crime sem precedentes na história contemporânea, já que, em pleno século XXI, nenhum Estado que se prese e que queira galgar passos firmes rumo ao desenvolvimento se cala diante desta absurda paralisação.
E diga-se: absurda, porque o consenso já seria encontrado. Absurda, porque é legítima a reivindicação dos professores do Ensino Superior num país onde milhares ganham milhões por fazer nada e ainda se sentem perseguidos por se lhes diminuir os privilégios. É absurda, porque ninguém parece ver nisso um problema.
Civilização é preocupação com aspectos de interesse público e a educação é o assunto mais importante de qualquer sociedade neste competitivo mundo globalizado. Ninguém coopera com um país medíocre em conhecimentos. Entenda-se que neste aspecto, quem coopera com uma sociedade assim, apenas quer recursos naturais.
Ou Angola aprende e responsabiliza-se para chegar aos pés até mesmo de um Botswana, Cabo Verde, Namíbia ou Quénia com poucos recursos, ou continua negligente e mantém-se na posição em que está, onde o seu ensino é qualificado como lixo em todas avaliações internacionais especializadas.
Sapo i, Vemos tudo!