17/06/2023
No final de 2010 começou uma onda de manifestações populares que atravessou fronteira e derrubou governos no norte da áfrica e no oriente médio.
Essa onda de protestos teve início na Tunizia e foi se espalhando para diversos cantos do mundo inclusive Angola e foi denominada Primavera árabe.
Nesse artigo vamos falar brevemente sobre esse combustível revolucionário e como ele impactou a esperança
de uma Angola melhor.
O INICIO
A guerra contra os regimes ditatoriais tiveram as suas declarações na própria palavra "Primavera" sendo essa uma metáfora para descrever movimentos de protesto ou revoluções populares que buscam mudanças sociais e políticas significativas.
A primavera árabe é uma alusão as primaveras dos povos que ocorreram em toda a Europa em 1848, com o diferencial de que agora ela era exercida pelo povo árabe que organizara as suas manifestações por meio das redes sociais mobilizando assim milhares de manifestantes em prol da mesma causa.
O GRITO DE SOCORRO DO POVO NA VOZ DE MOHAMED BOUAZIZI
"COMO QUEREM QUE EU GANHE A VIDA?"
O regime da Tunizia teve os seus dias contados a partir do protesto material que um jovem chamado MOHAMED BOUAZIZI, que o fez queimando o seu próprio corpo frente a uma prédio institucional do governo e expressando seu descontentamento com a frase "COMO QUEREM QUE EU GANHE A VIDA?"
Esse ato foi o trampolim que o povo da Tunizia precisava para deitar abaixo a ditadura de BEN ALI que governava com uma arma apontada na cabeça do povo árabe já a 23 anos no poder.
MAS QUAL FOI O RESULTADO?
Em janeiro de 2011 BEN ALI renunciou ao seu cargo, e como resultado de tudo isso diversos povos sentiram-se motivados a dar um baste as garras de Governos autoritários e ditatoriais como no caso da Líbia com Muammar Gaddafi e Hosni Mubarak no Egito.
E assistindo a esses eventos, o povo banto foi motivado a buscar também a sua LIBERDADE.
PRIMAVERA ANGOLA
Angola não ficou de lado, de modo que erguendo a cabeça invocou os seus herói modernos nas vestes de vários jovens ativistas.
O "Movimento Revolucionário", foi varias vezes subjugado em Luanda, sendo que vários dos seus Membros foram detidos e sujeitos a maus-tratos nas cadeias de Luanda.
No livro "Os Meandros das Manifestações em Angola", o jornalista Coque Mukuta afirma o seguinte sobre as originem referente as manifestações em Angola:
"Foi essencialmente por causa dos ventos da Primavera Árabe e pela influência das redes sociais no país. Estas duas questões levaram os jovens a poderem exprimir algumas preocupações que a juventude tinha. Eu falo, por exemplo, das questões ligadas ao trabalho e condições de vida e decidiram então protestar"
A 23 de fevereiro de 2011, um cidadão anónimo que mais tarde ficou conhecido como Agostinho Jonas Roberto dos Santos, anuncia através do Facebook uma manifestação contra o Governo de Luanda para a madrugada de 7 de março desse ano.
Segundo Coque Mukuta, essa pretensão tornou-se pública com o apelo feito pelo rapper e ativista Luaty Beirão num espetáculo em Luanda.
"O dia 7 de março de 2011 acabava de entrar para a história de Angola como o início das manifestações inspiradas na Primavera Árabe, conta o ativista M'banza Hamza.
A sigla "7311" – por 7 de março de 2011 – ficou como símbolo do movimento das manifestações." - DW Made for minds
Após essa data surge em 2 de abril de 2011, um novo protesto com o lema: "Liberdade de expressão em Angola"
E outras que tinha a não violência como forma de protesto.
Parecia que as agendas na prática estavam a caminhar para uma real "PRIMAVERA ANGOLA".
Mas... infelizmente NÃO
O MONSTRO MOSTRA AS SUAS GARRAS
3 de setembro de 2011. Nessa data o cenário alterou-se e o estado angolano mostra a sua face mais violenta reprimindo as manifestações por meio da forca e por meio de "argumentos constitucionais" mal fundamentados, pois muitos dos ativistas foram detidos e condenados a p***s entre os 40 e os 90 dias de prisão.
"No dia 3 de dezembro, na manifestação que fizemos no tanque do Cazenga, depois de termos saído da prisão, houve mesmo brutalidade séria, já deu em feridos, feridos graves. Em 2012, o regime entrou mesmo a bater. As tentativas de manifestações
em Cacuaco, em abril, deram em ferimentos e choros. Já não nos deixavam reunir. Contrataram os 'caenches', a nova política era essa”, conta - M'banza Hamza
"Invadiram a casa dos meus pais. Bateram à minha mãe, ao meu pai e à minha irmã, quando eram duas horas da manhã. Eles foram para me executar.
A sorte é que eu não estava em casa”, conta à DW o jovem ativista Nito Alves.
A partir dessa data as manifestações se apresentam com um carácter cada vez mais violento por parte das autoridades governamentais o que torna difícil ver a realização efetiva da Primavera Angola, que como já fora declarado em vários momentos, significa a transição do poder político vigente.
É notório que a mudança política de Angola não é um trabalho fácil, varias manifestações passaram e muitas parece que ainda estão por vir. Aqui nos queremos lhe mostrar os factos para que você decida por si mesmo...
Mas uma coisa certa é que devem ser repensados fortemente visão de estado e falo de modo geral...