07/07/2022
... SER ESCRITOR EM ANGOLA NÃO É PARA FRACOS.
Escolhi uma foto minha toda sorridente, porque enfrentar a vida com um sorriso no rosto é menos doloroso, mas a verdade é que hoje, aqui nos bastidores, estou super triste e decepcionada com as gráficas em Luanda pelos preços que têm praticado para impressão de livros.
Para que você me entenda vou começar por explicar o seguinte:
A produção de um livro é dividida em duas etapas principais:
1) Serviços de edição: são prestados pelas editoras ou profissionais independentes e inclui a revisão do texto, elaboração da capa, diagramação, tratar ISBN, registo na biblioteca nacional etc.
2) Serviços gráficos: são prestados pelas gráficas e inclui a impressão e montagem dos livros.
Felizmente, nos dias actuais, há várias editoras e profissionais liberais a prestar serviços de edição e já é possível editar um livro por um preço que esteja dentro do orçamento desejado, mas no que toca aos preços praticados pelas gráficas a história é outra, um verdadeiro pesadelo. O custo é tão elevado que os escritores se sentem pressionados, para não ter prejuízo, a vender livros pequenos por preços elevados (+ de 5000kz) ou, porque o custo é mais baixo, imprimir tiragens de 1000 ou mais cópias, mesmo sabendo que ainda não têm público suficiente para vender essa quantidade de livros.
O motivo da minha tristeza é por ter percebido que o dinheiro que ganhei ao vender os meus livros Otchali (Vol. 1 e 2) não será suficiente para lançar um novo livro, ou seja, o negócio não é auto-sustentável.
Só entre nós...
Desistir foi uma das opções que me passou pela cabeça hoje, mas eu me recuso a desistir. Tem de existir uma forma de imprimir livros com qualidade, em pequenas quantidades e a um preço justo.